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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Quem cala, consente.


"Quem cala, consente".
Temos visto uma série de acontecimentos estarrecedores ao longo destas últimas semanas. Acontecimentos que nos apontam que não estamos seguros apesar de termos uma Secretaria de segurança que deveria zelar por toda a população. O caso da maratona de Boston, longe de nós geograficamente e, tão perto de nós pela mídia e pela internet, mostrou mais uma vez que os Estados Unidos foram feridos em seu orgulho de país seguro para se viver. Pertinho de nós, outrossim, está o caso da dentista que, por ter somente trinta reais em sua conta bancária, foi assassinada cruel e indignamente. Alguém se lembra dos trinta talentos de prata que entregaram Jesus à morte? Parece-me que nada mudou... a antropologia histórica demonstra o que o senso comum diz na boca de nossos sábios de plantão: ‘o homem é o mesmo (ao longo do tempo), só muda o endereço’.
“Que é a vossa vida?” é a pergunta de Jesus àqueles que possuem ouvidos para ouvir (e não é retórica!), entretanto, certamente, não possuem boca para falar. Talvez essa seja a pergunta que não quer calar àqueles que verdadeiramente possuem o compromisso de amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmos: é preciso falar e fazer alguma coisa. Na Escola Dominical, ouvi uma senhora tão incomodada com o caso tão atroz de São Paulo, dizer: “parece que foi com minha família... estou indignada!”. Indignação é um bom começo. Mas como foi dito na mensagem ontem pela manhã, esta indignação precisa levar ao perdão dos criminosos – como é paradoxal o evangelho de Cristo!!
Separemos bem os fatos – ‘uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa’. Nossa indignação precisa atacar o problema, a coisa em si, falando em termos heideggerianos. Violência sempre houve e sempre haverá. Jerusalém e Samaria que o digam! É só ler boa parte do Antigo e do Novo Testamentos que veremos atos violentos por toda parte. Mas existem meios de reduzi-los, fazendo uma pequena revolução a cada dia, um trabalho de formiguinhas que resulte em uma sociedade melhor: viver o Evangelho de Jesus visitando os órfãos e as viúvas, os presos, os abrigos dos que estão tentando se recuperar dos vícios; fazendo um trabalho voluntário em alguma instituição – temos tantas! No resumo da ópera, o amor precisa suplantar nossa falta de tempo para tentarmos fazer alguma coisa e falar também, se necessário for. Se a própria atitude já não falar por si. Pois quem cala, consente.
Heidegger, junto à coisa em si, aponta o fenômeno – o que poderíamos dizer que é o reflexo ou o resultado daquela. Eis os rapazes e o ato brutal que cometeram. Três foram detidos e confessaram o crime e um está foragido. Os que confessaram receberão a punição da lei – assim esperamos. Mas e se confessarem o ato com arrependimento, e se por acaso (ou não!), estivéssemos lá neste exato momento, o que faríamos?  Lembro-me do moto de um movimento que ficou em voga nos anos 1990, nas igrejas cristãs evangélicas dos Estados Unidos – WWJD (What would Jesus do?) –, baseando no livro homônimo de Charles Sheldon, de 1896: Em seus passos, o que faria Jesus? (em português, Ed. Mundo Cristão, 2010). Recoloco a pergunta em que o movimento e o livro se baseiam: Em meu e em seu lugar nesta situação, o que faria Jesus? É preciso tratar também o fenômeno. Fica a deixa (pela tônica da mensagem no culto de ontem): creio que só se trataria o fenômeno com perdão. Suplantando a indignação inicial, deixando-a como incentivo para atacar a coisa em si, e não se calando diante de um Deus que, cremos, é grande em misericórdia, roguemos-lhe pelo tratamento do fenômeno: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...”. Lembremo-nos de que quem cala, consente. 

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