Estamos em dezembro! Você que vai
aos shoppings ou aos mercados populares comprar seus presentes de Natal ou os
enfeites para sua montar sua árvore deste ano deve estar estranhando o fato de
não ouvir a música da cantora Simone, típica desta época, com seu refrão mais
do que conhecido pelo inconsciente coletivo brasileiro: “Então é Natal... e o
que você fez?...”. Pois é, a música foi juridicamente proibida de ser tocada em
lugares públicos e ficamos sem este fundo musical em nossas compras a nos
embalar. No entanto, a pergunta é pertinente ao refletirmos sobre o verdadeiro
sentido do Natal, que na história tem o seu lugar, como diz também o cantor
João Alexandre em uma de suas composições.
O que você fez? Talvez isso seja o
que menos importa no Natal. Importante e valioso é o que Deus fez por amor a
nós enviando seu filho na figura central do bebezinho deitado na manjedoura.
Certamente eu deveria aqui
apresentar um texto dos evangelhos: Maria grávida do Espírito Santo, a procura
com José por um lugar para ter a criança, a falta deste lugar e o nascimento no
estábulo. Metáfora do Deus que tinha tudo em suas mãos e decidiu disso se
despojar só por um motivo – AMOR. A mim e a você. Incondicional. Inexplicável.
Incomensurável.
João 4,24 aponta que “Deus é espírito,
e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Não
obstante, o Deus que é espírito e a tudo alcança encarnou-se – revestiu-se de
carne em todas as suas limitações e vicissitudes – tornando-se gente, vivendo,
sofrendo e morrendo por um único e especial motivo – repito pela necessidade de
fazer o querido leitor entender de uma vez por todas – o AMOR a você e a mim.
Nesse ínterim, há dois textos que recomendo para sua leitura nesse Natal junto
às referências do bebezinho na manjedoura: Filipenses 2,5-11 e Hebreus 2,5-18.
São dois textos cuja estrutura de pensamento é bastante semelhante e descrevem
a intensidade desse AMOR tão profundo e pleno de Deus por nós. Ambos nos dizem
que Jesus Cristo – o mesmo que foi bebezinho, cresceu – se esvaziou de sua
glória e assumiu a humilde forma de servo, tornando-se obediente até a morte e
morte de cruz. Sabemos bem que a história – que tem o seu lugar – não acaba aí,
pois Ele ressuscitou e agorinha mesmo pode estar intercedendo por nós junto ao
Pai, porque sabe o que é estar na limitação de um corpo de carne. Ele fez isso
por AMOR...
O que Jesus fez? Até onde se vai
por AMOR? Eis o que Jesus quer nos ensinar neste Natal.
Por amor Jesus
renuncia!
Quantas vezes você já ouviu que amor é renúncia? Hoje em dia esta fala está
fora de moda... estar com o outro, seja em qualquer tipo de relacionamento, é
satisfazer a mim, e não a ele (ou ela). Nesta hora Jesus poderia virar a mesa
em nossa vida e chamar-nos a atenção para entendermos que é exatamente o contrário.
Jesus renunciou. A hermenêutica de Hebreus 2,5-9 mostra que Jesus, por amor, se
faz, por um pouco, menor do que os anjos – aquele que era muito, mas muito
superior aos anjos e tinha sobre si o domínio de todas as coisas se torna menor
– quando entra em nossa carne. O bebezinho está em um lugar sujo, deitado em um
recipiente sujo de dar comida aos animais – uma manjedoura. Deve ter sido de
José a ideia de forrar ali com bastante palha. E Maria juntou todos os panos
que podia para proteger o filhinho de tudo aquilo. Jesus era um bebezinho sim, sujeito a tudo
que qualquer outro bebê também estaria – fome, sede, cólicas, doenças. Alguns
anos mais tarde, Jesus é um homem faminto depois de 40 dias de jejum. Pouco tempo
depois, era alguém desamparado e desfigurado na cruz, para quem nem o Pai, que
é santo, poderia olhar – porque estava cheio do meu e do seu pecado. Jesus
renunciou...
Por amor Jesus se
aproxima. E por
se aproximar, salva e santifica. É a afirmação que embasa Hebreus 2,10-14. Pelo
AMOR de Jesus em sua renúncia, somos conduzidos à glória como filhos! A explicação
é simples: se aceitamos e cremos nesse renunciar, nesse sofrimento, nesse
rebaixamento, nessa cruz tornamo-nos filhos, salvos e, ainda, santificados! E por
tudo isso, o texto de Hebreus nos diz que Jesus não se envergonha de nós – e se
faz nosso irmão. Ele se aproxima. Não é assim quando a gente ama? Quer estar
perto, quer estar junto, quer ficar o dia inteiro falando no facebook, quer sentir que o(a) nosso(a)
amado(a) está ali... assim é Jesus. Ele se aproxima porque AMA. O desejo de
Deus, tenho plena certeza, é que neste Natal cada um de nós possa se aproximar –
beijar, abraçar, acariciar – e fazer o nosso Natal mais gostoso e feliz do que
qualquer outro que tivemos. Se Ele se aproximou, por que não seguir o exemplo?
E ainda está lá o bebezinho!
Por amor Jesus nos
dá vida. E também
liberdade e a certeza de que Ele está conosco e nos socorre, sempre que
precisarmos (Hebreus 2,15-18). O grande paradoxo do amor de Deus se revela a
nós em Jesus de uma forma linda: porque Ele renunciou e se aproximou – sendo de
carne e sangue –, pela sua morte destruiu aquele que tem o poder da morte! Muito
mais do que uma belíssima poesia em forma de antítese (ideias contrárias), a
beleza está naquilo que Jesus fez. Além disso, Ele nos libertou a nós, que tínhamos
medo da morte, e agora temos alegria da vida. Pois nossa existência não é mais
de escravidão, senão de liberdade eterna. Quando Jesus prova o que é ser homem,
entende perfeitamente nossas dificuldades, limitações, temores, orgulho e
sofrimento – não pense você que Ele não vê quando e quanto você sofre. Ele vê. Ele
passou por isso. E por isso mesmo nos socorre, naquilo que Ele próprio sofreu...
Jesus se torna nosso sumo sacerdote, que intercede por nós ao Pai, e nos torna
dignos de estar na Sua presença. Que AMOR é esse...? eis a pergunta que não
cala em minh’alma todos os dias, não só no Natal.
Que neste Natal, a exemplo de Jesus,
possamos renunciar, nos aproximar, dar vida a alguém, perdoar, dar e ter a
liberdade de estar leve diante de nossos queridos. Que mostremos que não somos
de ferro, pois temos mil limitações, entretanto sejamos aquele(a) com quem a
família, os amigos, os vizinhos podem contar. Assim como podemos, em todo o
tempo, contar com Jesus. Ele te ama.. Ele me ama. Ame também e transforme
o seu Natal em um Natal de verdade, lindo, inesquecível!
Tende em vós o mesmo sentimento que
houve em Cristo Jesus (Filipenses 2,5). Então será Natal!
No Deus
que se fez bebezinho,