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sábado, 22 de abril de 2017

A porta de Wittenberg

“O justo viverá por fé” (Romanos 1,17)
Eu tenho uma tese
Na verdade tenho duas
Uma pronta
Outra em construção
Haja mão!
Pra colocar no papel

O que sai do coração
Invade graciosamente
A mente
O corpo todo se contrai
A lágrima cai
A ideia vem com toda a força sua
Eu me dispo, eu fico nua
E me cubro com o tecido suave e denso do conhecimento
Que prazer, que momento!
Eu não quero parar de escrever...
É isso que eu sei ser
Saio de mim para ser poesia
Estou cheia e fico vazia
Vazia de tristeza, de aspereza, de qualquer certeza
E cheia daquilo que estou aprendendo
Eternização...
Eu sou aquela que é sendo
O papel é eternidade se fazendo
Ali eu vivo o agora, ali o antes vai morrendo
E cada uma das teses eu gesto
A palavra e a arte juntas são o manifesto
De algo que não sou mais eu
É Deus!
Eu sou impureza pura
Não sou candura, nem doçura
Eu não presto!
E não quero nunca prestar
Não quero beleza, quero alguém que assim mesmo venha me amar
Quero ser a real imperfeição
Não um ideal de adoração
Quero ser humana
E cair na cama
Junto ao papel e ao computador
Sentir do parto a dor
De mais uma tese concluída
É mais uma ideia parida
Na caminhada da vida.

Martinho Lutero escreveu noventa e nove
E por mais que a poesia me renove
Não sei se eu chego lá
Wittenberg, você vai me esperar?

Às teses eu me pertenço
(As lágrimas, elas me são lenço)
Mas ainda não contei quais são.
Quer saber?
Uma delas é você!
Que não sei como alcançar, só sei poetizar
Você homem, você criança, você mulher
É você que a minha tese-poesia quer!
O canto suave que vem da torre do castelo da princesa
O café especial posto à mesa
Só pra mostrar que eu te ter é a maior beleza
Que pode existir
Esse amor de mim sair?
Nunca mais!
Te amar, me satisfaz.
Você é meu próximo – tua simples presença me lendo me refaz.
Essa é a primeira tese-poesia.

A segunda, que se renova a cada dia
E que também nunca se conclui
É esse amor aqui dentro que eu não mereço e que flui
Dentro desse trapo que sou eu.
Sim, é Deus.
Que me arranca todo e qualquer preconceito
Que me joga a bola no peito
E diz: vai viver, vai ser feliz
Vai fazer cafuné, vai comer junto, vai abraçar o vizinho, vai apertar com carinho o nariz
De quem como você está por um triz
Vai amar.

E sua tese estará concluída.
No choro e no sorriso da lida.

Eu menti no início.
Que a lei aceite o reparo no meu sacrifício.
Na verdade tenho três teses.
Todas três em construção:
Por você,
Por mim,
Por Deus,
Paixão.

Alessandra Viegas,
Cachambi, sem saber o que dizer de tanto amor, 22/04/2017. 

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