Engraçado perceber como o texto
bíblico tem a capacidade de ser tão antropológico! Não era para menos, pois é
um texto que mostra alguém que era Deus e prefere ser homem, a fim de viver as
agruras que este ser – o humano – enfrenta na batalha do dia a dia. Não é nada
semelhante à “Cidade dos anjos”, pelo prazer de um beijo, de um toque, de um
cheiro, de um corpo – de UM. O Deus que se fez homem tem amor INCLUSIVO – que inclui
a mim e a você que me lê, e a todo aquele que dele se aproxima com o carinho de
estar junto. Aí está a diferença do anjo que ‘caiu’ pelo amor EXCLUSIVO de uma
bela mulher.
Todos os dias agradeço a Deus
porque ele não está preocupado com minha beleza resguardada pelos cosméticos
sejam de que empresa forem. Nem se sou boazinha com uns e mazinha com outros. E
principalmente se oferto muito ou pouco nos gazofilácios das comunidades de fé
que frequento. Não! Eu agradeço porque quero sentir o cheiro das árvores cheias
de flores que permeiam a rua Paissandu, porque posso ouvir as maritacas no
Parque do Flamengo às sete da manhã, porque posso ver com meus olhos míopes ajudados
pelas lentes artificiais coisas boas de se virem: gente, gente, e mais gente.
O meu escrito hoje é um desabafo. Há
uma canseira ao ligar a televisão e ouvir tanta bobagem que se chama “evangelho”.
Meu caro apóstolo Paulo, amigão de Barnabé e de Timóteo, já dizia na cara dos
gálatas que um ‘outro evangelho’, cheio de obrigações e teologias do sacrifício,
da idolatria, do “dê e Deus te devolverá dez vezes mais” estava cercando e
enganando aquela gente no século primeiro da nossa era. Vinte séculos se
passaram e tem gente que ainda não entendeu que Deus não é um ídolo – que ele
não tem que me dar nada se eu me sacrificar. Ele me abençoa com chuva e sol,
todos os dias. E isso eu não merecia e por isso agradeço. É graça, é charis, é dom. Meu Deus do céu, será que
ninguém lê mais os gálatas?
A vida de Jesus não é pra ser vista
no cinema ou em casa. A vida de Jesus deve ser entendida, percebida e
impregnada em todos os poros do meu corpo. Corpo que é da terra e pra ela vai
voltar um dia. Corpo que me permite fazer coisas lindas e que é perfeito na sua
imperfeição. Aqui e agora. Corpo que é de gente, e não de Deus. E que deve
almejar coisas de gente, porque as de deuses ficam nos panteões da vida. A humanidade
na humanidade é o que Deus mais aprecia em mim e em você. Não creio que isso
seja tão difícil de entender, e não entendo porque quem deveria entender isso
não entende – e prefere ser divino – ser deus. Dificultei? Penso que não.
Nem os deuses gregos gostavam de
ser deuses!!! Eles queriam ser humanos e viver a delícia de ter um dia depois
do outro e um dia... não ter mais o outro. Ser deus é trabalhoso... é perigoso.
Eu quero ser homem na minha feminilidade. Ser humana. E ter vontade de ter
vontade de estar no meu lugar. Do jeito que eu sou. Para que o Deus que um dia
se aproximou de mim, chegue tão pertinho, que me deixe à vontade com ele... e que seja Deus: isso
é melhor que mastercard – não tem preço!
Bom artigo. Um tanto provinciano e bairrista, mas é isso mesmo. Deus não é ídolo, não é moeda de troca. E isso Paulo parece que previu a 2.000 anos atrás,com a teologia da prosperidade. Valeu.
ResponderExcluirZé
Hj eu fiquei meio Machado... provinciana e bairrista como ele!! E incomodada também, como ele, com tanta bobagem e hipocrisia que a gente tá vendo por aí! Obrigada Zé!
ExcluirMuito bom! Pois é, infelizmente, há muita bobagem por aí! E pelo que vemos na Bíblia não dá nem pra falar que hoje ta pior. Sempre existiram aqueles que deturpam o evangelho...
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